quinta-feira, 9 de abril de 2009

História e cidadania: por que ensinar história hoje? Marcelo de Souza Magalhães

Por Edilaine Silva


Desde quando a disciplina História foi implementada, no final do século XVIII e início do XIX na França, que se pensava a sua função enquanto umas das fundadoras da nação e com um caráter cívico. A mesma só foi implementada no Brasil após a criação do Colégio Pedro II no século XIX, era uma história baseada nos valores da Europa Ocidental, sofrendo profundas influências da França.
Para o autor Marcelo Magalhães o nascimento da História do Brasil enquanto disciplina só aconteceu no ano de 1895, onde se trabalhava através biografias de brasileiros considerados ilustres, era uma história que afirmava o mito fundador da nação para fortalecimento de uma identidade nacional homogênea. Essas características, juntamente com a idéia de progresso, foram obtidas principalmente após o modelo historiográfico do IHGB.
No final da década de 20 surgem os Annales que repensavam a historiografia e criticavam a produção histórica baseada nos acontecimentos políticos. No Brasil entre 20 e 30 aconteceu o movimento da Escola Nova que pontuava o caráter da preocupação excessiva da história para com o passado e a memorização excessiva dos fatos, datas e nomes.
Apesar desse movimento, em 60 a situação muda com o advento da Ditadura Militar; havia um controle maior do Estado quanto à história e utilizavam a mesma para formação de um espírito cívico.
O que se percebe é que por trás das disputas pelo que ensinar e de como é organizado o currículo escolar estão ideologias. São essas ideologias que permeiam mudanças de “temas” a serem estudados, é o chamado “currículo oculto”.
O certo é que desde quando a disciplina História surgiu, está relacionada à formação do cidadão. E as mudanças políticas, sociais e ideológicas é que vão dar o tom para que tipo de cidadão vai ser “formado”.
Cada época tem um “tipo-ideal” a ser idealizado. A partir da década de 1990 aparece a preocupação com a formação de um “cidadão crítico” dentro dos Parâmetros Curriculares Nacional.
A Cidadania hoje ampliou mais pontos e engloba além de questões sobre participação política no Estado e dos direitos sociais, a inclusão de novos direitos políticos. A introdução dos temas transversais tenta dar conta desta sociedade contemporânea tão inconstante, tão mutável e imprevisível. Sobre a questão da identidade, sobressai o direito à diferença.

Referência: MAGALHÃES, Marcelo de Souza. História e cidadania: por que ensinar história hoje. In. ABREU, Martha; SOIHET, Rachel (orgs.). Ensino de história: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.

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